quinta-feira, 30 de março de 2017

Ostentação deveria ser crime previsto no Código Penal

Por Leonardo Sakamoto

 

Os arrastões em restaurantes chiques na capital paulista já tiveram uma consequência, além de aumentar o número de seguranças privados: estão aflorando o que há de pior na elite bandeirante. Já estava ouvindo aqui e ali mais bobagens e preconceitos que o de costume, mas Mônica Bergamo e equipe, em sua coluna na Folha de S. Paulo desde domingo (17), reuniram vários deles em um pacotão – pelo qual sou imensamente grato.

 

Se o planeta não for gratinado por nossa ignorância no meio do caminho, tenho certeza que uma sociedade mais avançada vai utilizar esse texto para entender o que deu errado em uma cidade como São Paulo. E não estou falando dos arrastões, mas do discurso bisonho de nossa elite.

Não tenho medo de ser assaltado em meu carro porque não tenho carro. Não receio que levem minhas jóias ou meu relógio caro porque não tenho relógio. Não fico com pavor de entrarem na minha casa e levarem tudo porque meu bem mais precioso é um ornitorrinco de pelúcia. Não me apavoro em andar na rua à noite a não ser por conta do risco de chuva. E por mais que vá a bons restaurantes de vez em quando, devo ressaltar que nunca fui assaltado em nenhuma barraca de cachorro-quente… Acho que já deu para entender o recado. Não tenho medo da minha cidade porque, tenho certeza, ela não precisa ter medo de mim.

 

Ostentação em um país desigual como o nosso deveria ser considerado crime pela comissão de juristas que está reformando o Código Penal. Eles não estão propondo que bulling seja crime? Ostentação é mais do que um bulling entre classes sociais. É agressão, um tapa na cara.

Mais do que uma escolha pelo crime, a opção de muitos jovens pelo roubo é uma escolha pelo reconhecimento social. Um trabalho ilegal e de extremo risco, mas em que o dinheiro entra de forma rápida. Não defendo essa opção, mas sabemos que, dessa forma, o jovem pode ajudar a família, melhorar de vida, dar vazão às suas aspirações de consumo – pois não são apenas os jovens de classe média alta que são influenciados pelo comercial de TV que diz que quem não tem aquele tênis novo é um zero à esquerda. Ganhar respeito de um grupo, se impor contra a violência da polícia. Uma batalha que respinga em nós, que temos responsabilidade pelo o que está acontecendo, seja por nossa apatia, conivência, desinteresse, medo ou incompetência. A polícia e os chefes de quadrilhas puxam os gatilhos, mas nós é que colocamos as balas na agulha que matam os corpos e o futuro dessa molecada.

 

Os carros blindados levam para as ruas da cidade a sensação de encastelamento dos condomínios fechados, das mansões muradas, dos shopping centers ou restaurantes caros. Sentimento falso, pois não são muros e chapas de aço que irão garantir segurança aos moradores de uma metrópole como São Paulo. É bom como efeito placebo, para se enganar, mas, mais dia ou menos dia, as “hordas bárbaras” vão engolir a “civilização”. “Hordas” que estão chegando cada vez mais perto, como reclamam os mais ricos.

 

São Paulo tem mais de 11 milhões de habitantes, mas apenas uns poucos são efetivamente cidadãos, com acesso a todos os seus direitos previsto em lei. Lembra a antiga Atenas, com uma democracia para uns poucos iluminados e o trabalho pesado para o grosso da sociedade, composta de escravos. Enquanto uns aproveitam uma vidinha “segura” dentro de clubes, restaurantes, boates, lojas, residenciais e carros, outros penam para sobreviver e ser reconhecidos como gente. Para cada assassinato em Moema, mais de 100 são mortos no Grajaú. Só que a morte de uma jovem em Moema causa mais impacto na mídia do que a de 100 no Grajaú. Ou no Campo Limpo, bairro em que cresci. A gente fica sabendo por lá que tem vida que vale mais que outras, por causa do dinheiro.

Qual a causa da violência? A resposta não é tão simples para ser dada em um post de blog, mas com certeza a desigualdade social e a sensação de desigualdade social está entre elas. Muito do preconceito presente nos comentários trazidos pela coluna da Folha abaixo vai no sentido contrário a uma solução, isolando os ricos ainda mais, deixando-os alheios ao resto da cidade (por ignorância ou má fé). Corta-se com isso a dimensão de reconhecer no outro um semelhante, com necessidades, e procurar um diálogo que construa algo e não destrua pontes. Há riscos de assaltos? Sempre há e eles vão acontecer, ainda mais em um território que muitos têm e outros minguam. Mas deve se ter em mente que há atitudes que pioram o quadro.

 

Temos que garantir liberdades individuais e a segurança de usufruí-las. Combater a violência, garantir o direito de sair sem ser molestado. Mas isso só será possível com uma sociedade menos desigual e idiota. Ou a cidade será boa para todos ou a aristocracia que sobrar após o caos não conseguirá aproveitar sua pax paulistana.

 

PS: O texto ganhou uma boa repercussão, o que é ótimo. Não precisam concordar comigo, aliás prefiro que discordem. E podem me espinafrar à vontade – o nipobrasileiro é, acima de tudo, um forte. Mas, por favor, vamos interpretar o texto, vai! Por exemplo, o que o blogueiro quer dizer quando afirma que seu bem mais precioso é “um ornitorrinco de pelúcia”? Será que ele não tem cama, nem TV, nem computador ou celular e vive apenas com um felpudo animal em uma choupana, tecendo sua roupa com linho que colheu do campo e cultivando seus próprios remédios? – rs. Teve gente que procurou desesperadamente na internet para provar que eu tenho smartphone ou notebook. Pessoal, se lessem meu blog diariamente veriam que eu mesmo já escrevi várias vezes que tenho ambos (carro não adianta porque não tenho mesmo). E discuto as contradições do capital. Mas este texto não é sobre ter, mas como nos relacionamos com esse “ter”. E o medo de perder e deixarmos – com isso – de “ser”. E o que é precisar “ter” para “ser” e os impactos disso na sociedade. Prometo voltar ao assunto mais tarde. Enquanto isso, discutam de maneira saudável.

 

EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA DO ENDEREÇO:

http://jornalggn.com.br/blog/luisnassif/a-criminalizacao-da-ostentacao-por-sakamoto

Por que evitar a ostentação?

PARA conseguirem a admiração dos outros, alguns ostentam roupas de grife e outros itens chiques. Em certo país asiático, por exemplo, os “novos ricos amam produtos luxuosos — itens importados, como bolsas francesas e carros esportivos italianos. Mas o que eles mais amam é exibir [sua riqueza]”, diz um artigo do jornal The Washington Post.
É claro que não há nada de errado em aproveitar as coisas boas resultantes de seu trabalho. A Bíblia diz: “Que todo homem coma e deveras beba, e veja o que é bom por todo o seu trabalho árduo. É a dádiva de Deus.” (Eclesiastes 3:13) Mas é sábio ostentar, ou exibir, nossos bens? O que a Bíblia diz?
“O rico tem muitos amigos”
Quando alguém rico ou que finge ser rico ostenta seus bens, que tipo de amigos ele talvez atraia? A Bíblia nos dá uma dica neste sábio provérbio sobre a natureza humana: “O pobre é desprezado até pelo seu vizinho, mas o rico tem muitos amigos.” — Provérbios 14:20Bíblia na Linguagem de Hoje.
Isso dá a entender que os “muitos amigos” do rico na verdade não são amigos da pessoa em si, mas das riquezas dela. A suposta amizade e os falsos elogios deles são motivados por puro interesse. A Bíblia chama esse tipo de conversa de “fingimento para cobiça”, ou ganância. — 1 Tessalonicenses 2:5.
Então, pergunte-se: ‘Que tipo de amigos eu quero? Amigos que me amam pelo que tenho ou pelo que sou?’ A Bíblia mostra que nosso comportamento influencia no tipo de amigos que atraímos.
“A sabedoria está com os modestos”
Outro problema relacionado ao exibicionismo fica evidente no relato bíblico sobre o Rei Ezequias, que viveu na Jerusalém antiga. Certa vez, ele mostrou a pessoas influentes de Babilônia “tudo o que se achava nos seus tesouros”. Obviamente, sua grande riqueza impressionou os visitantes. Mas isso também deve ter estimulado a ganância deles. Depois que eles partiram, Isaías, profeta de Deus, disse corajosamente a Ezequias que um dia todo o seu tesouro ‘seria realmente levado a Babilônia. Não sobraria nada’. E isso aconteceu mesmo! Depois de anos, os babilônios voltaram e levaram todas as riquezas que pertenciam à família de Ezequias. — 2 Reis 20:12-17; 24:12, 13.
Hoje, as pessoas que ostentam sua riqueza também correm o risco de perdê-la — pelo menos parte dela. Um relatório sobre criminalidade e segurança no México diz: “Exibir ostensivamente riquezas atrai ladrões na Cidade do México. Usar joias e relógios caros e mostrar grandes quantidades de dinheiro chamam um tipo indesejável de atenção.” Fica claro que é muito melhor seguir o conselho da Bíblia de  não se orgulhar “das suas riquezas”. (Jeremias 9:23). “A sabedoria está com os modestos”, diz Provérbios 11:2.
Veja o que há de bom nos outros
Em vez de querer chamar atenção para si mesmo, alguém modesto e humilde se agrada das qualidades e pontos positivos dos outros. A Bíblia diz: “Não façam nada por competição e por desejo de receber elogios, mas por humildade, cada um considerando os outros superiores a si mesmo.” (Filipenses 2:3PastoralGálatas 5:26 acrescenta: “Não fiquemos egotistas, atiçando competição entre uns e outros, invejando-nos uns aos outros.”
Você quer ter amigos que o amam pelo que você tem ou amigos que o amam pelo que você é?
De modo similar, pessoas que têm o conceito de Deus sabem que o altruísmo e o respeito mútuo são a base da verdadeira amizade e que essa amizade não termina quando o dinheiro acaba. Na verdade, ela fica mais forte com o tempo. “O verdadeiro companheiro está amando todo o tempo”, diz Provérbios 17:17. Acima de tudo, a pessoa sábia se esforça para agradar a Deus. Ela sabe que ele não fica impressionado com a aparência externa, mas se concentra na “pessoa secreta do coração” — o que somos por dentro. (1 Pedro 3:4) Por isso, esse tipo de pessoa se esforça bastante para desenvolver qualidades que caracterizam o que a Bíblia chama de “nova personalidade”. (Efésios 4:24) Algumas dessas qualidades são mencionadas em Miqueias 6:8: “O que é que Jeová pede de volta de ti senão que exerças a justiça, e ames a benignidade, e andes modestamente com o teu Deus?”
É verdade que o mundo de hoje não incentiva nem um pouco a modéstia. Mas isso não surpreende quem estuda a Bíblia. Como assim? Ao falar dos “últimos dias”, a Bíblia predisse que os humanos, no geral, seriam “avarentos, . . . vaidosos, . . . e cheios de orgulho”. (2 Timóteo 3:1-5BLH) Nesse contexto social, pessoas que ostentam seus bens se sentem bem à vontade. Mas Deus nos incentiva a ‘ficar longe dessa gente’, para que não nos tornemos como elas.


 EXTRAÍDO NA ÍNTEGRA DO BLOG:
https://www.jw.org/pt/publicacoes/revistas/g201211/ostentacao/

Programa de formação de gestores tem início em Macaíba



No município, curso é realizado pelo Instituto Santos Dumont em parceria com a Prefeitura
Na manhã desta terça-feira (28) teve início o programa de formação de gestores promovido pelo Instituto Santos Dumont (ISD), no Pax Club.

Em Macaíba, o programa conta com o apoio da Prefeitura e a participação de 10 gestores de escolas públicas municipais macaibenses. Educadores de outros municípios circunvizinhos, como Natal, São José de Mipibu e Parnamirim também participam da capacitação que tem como público-alvo gestores de escolas públicas municipais e tem o objetivo de discutir formas de gestão democrática, a fundamentação e a importância desta gestão, o envolvimento dos alunos e dos professores no trabalho da formação continuada de educadores.

Rachel Dantas, assessora de direção dos CEC’s (Centros de Educação Científica) do Instituto Santos Dumont e orientadora do projeto destacou a importância do curso. “É importante para que a escola possa andar como um todo formador, em prol de objetivos comuns e prioridades”, afirmou.

O secretário municipal de Educação Domingos Sávio também ressaltou a importância da formação para os gestores e a meta da secretaria de Educação nesta área. “Hoje é fundamental o investimento na formação continuada de nossos gestores e é uma das nossas metas investir bastante nessas formações, seja ampliando os nossos parceiros ou construindo nossas próprias formações”, disse.

O curso tem duração de dois anos, com reuniões quinzenais. Cada gestor apresentará ao final da formação um projeto que atenda a uma necessidade séria da unidade de ensino onde atua. Todo o grupo de coordenadores apresentará, com fundamentação teórica,. formas de resolução desta necessidade, uma solução coletiva para o problema.


Texto: Tadeu de Oliveira
Fotos: Márcio Lucas
Assecom-PMM